Aquela sala vazia ficava ainda mais vazia quando ela entrava. Tão silenciosa que eu podia escutar sua respiração. Será que ela vai entrar? Já abriu a porta. Poderíamos ter mudado isso. Poderíamos ter evitado que chegasse a esse ponto. Poderíamos mesmo?
Não. Não. Ela abrindo essa porta agora me fez ver que tudo o que fizemos nesses anos, caminhamos exatamente para isso. Treinamos nossas vidas pra nos machucar. “Humpf”! Engraçado. Isso era o que sabíamos fazer de melhor, discutir, brigar. Passamos tanto tempo da vida em provar quem tinha a maldita razão, e ambos errados. Todos estão errados, estamos errados. Esse pé que entra nessa sala. Meu Deus! Lembro-me de ter prometido caminhar ao lado desses pés sempre. Tantos sonhos. Eu não tenho sonhado muito, eu não durmo mais. Essas pernas que vão adentrando nessa casa. Não posso esquecer daquele dia... É isso. Sempre foi isso. Não queríamos um ao outro, não sei o que ela queria. Tudo tem mudando tanto. Quando foi que conversamos pela última vez mesmo? Entrou! Finalmente. Um silêncio ensurdecedor paira nessa sala, como ela. Ela quebra o silêncio querendo saber se eu iria jantar. Não me posso por à mesa com você. Eu não te conheço. Não sei mais quem é você. E só o que eu vejo são as suas costas pra mim se retirando da sala. Até quando? Ela se foi novamente. Mas a sala continua vazia. Agora um pouco menos. Mas não posso mais ouvir sua respiração.
É...
ResponderExcluirAgora eu prefiro não fazer comentários.
Rs...
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